terça-feira, 29 de julho de 2014

Entrevista com Rafael Yamada

Em recente entrevista concedida a "Divulgadora Hai" Yamada falou um pouco sobre a origem da banda e sobre o novo álbum "Que seja feita a nossa vontade".


 Vodrierkg Hai: Rafa, como você conheceu a galera do Project 46? Já fazia parte da primeira formação?
Rafael Yukio Yamada: O primeiro da banda que eu conheci foi o Jean, na BEG escola de Musica em que eu estudei. Eu tinha uns 13 anos na época e foi ele e a Mônica, dona da escola, que me iniciaram no metal pesado. Desde lá nunca subi num palco sem aquele FDP, nos damos muito bem no palco.
Por intermédio dele conheci o Vini e o Caio, muito antes de formarmos o Kroach. Somos todos grandes amigos de infância, devo conhecê-los a mais de 10 anos.
O Henrique entrou na banda após a saída do Guilherme, antes do lançamento do DAQD. Já conhecíamos o trabalho dele com o Paura e também porque gravamos nosso primeiro EP no estúdio dele.
Sim, estou na banda desde o princípio.
Vodrierkg Hai: Qual a música que você mais gosta da banda? Fala um pouco sobre ela.
Rafael Yukio Yamada: Difícil eleger a predileta, considero todas as músicas muito boas.
Cada música se encaixa em determinado tempo da minha vida, agora estou pirando em Erro+55. Além de ser a canção que abre os shows, ela é diferente de tudo o que já tínhamos feito e a letra expõe todos os pontos fracos do nosso país. São 4 minutos falando de todos os problemas e dificuldades que nós, povo brasileiro enfrenta por consequência da ignorância, falta de educação e honestidade, e comodismo. Adoro esse som, mas como disse antes, cada fase da vida é um som diferente.
Vodrierkg Hai: A gente sabe que existem um monte de bandas brasileiras que são praticamente do mesmo estilo que o Project 46, como a Worst, Moana, Candelaria, entre outras. Mas por que tu acha que o Project 46 é a banda que mais tá se dando bem no momento? Digo, mais reconhecida.
Rafael Yukio Yamada: Sinceramente, acho que é o público que define qual banda ele quer ver, fica um pouco fora do nosso alcance mensurar isso. Mesmo assim nunca nos apegamos a comparações, a gente faz o nosso. Mas todo o rolê ta junto, a gente é unido pra cacete. Todas as bandas desse novo rolê pesado sabe que o fã nunca gosta de uma banda só, e que é muito mais importante pra todos agregar e trampar junto. Só assim pra coisa dar certo, o PROJECT46 hoje pode ser a mais reconhecida por ter sido uma das primeiras a fazer esse tipo de som. Mas todas as bandas que nós dividimos o palco, como o JW, Worst, PFM, Surra, Seasmile e BulletBane, são exemplos de bandas que são extremamente competentes e profissionais. Reconhecimento é questão de tempo se o trabalho for bem feito.
Vodrierkg Hai: Como a maioria sabe, vocês têm dois álbuns, o "Doe a quem Doer", de 2011, e o que foi lançado recentemente "Que Seja Feita a Nossa Vontade". Qual foi o álbum que você mais gostou? E por quê?
Rafael Yukio Yamada: Os dois discos são muito bons, gosto demais deles e é impossível escolher um rs. O legal dos discos é evoluir sempre, tanto nas letras quanto nas harmonias. O DAQD é um disco mais escrachado, as letras falam sobre as merdas do ser humano e seu comportamento egoísta. As execuções são mais pesadas e menos técnicas enquanto o QSFANV têm letras mais ácidas, e já tem um pé na política também sem falar das execuções muito mais rápidas e técnicas proporcionadas pelo baterista.
Vodrierkg Hai: Qual foi a maior dificuldade que vocês tiveram até agora na banda?
Rafael Yukio Yamada: Sobreviver no país do samba. Metaleiro tatuado é visto como vagabundo, se for músico então piorou. São das dificuldades que nascem os maiores triunfos, não sei o que seria do PROJECT46 sem a pátria amada. As letras não seriam as mesmas se eu não tivesse crescido na periferia e visto o que vi.
Então julgo que o nosso maior perrengue é o que não nos deixa desistir de lutar.

Vodrierkg Hai: Como é que tu acha que tá a cena underground no Brasil?
Rafael Yukio Yamada: A cena tá crescendo de novo, a molecada tá colando em peso. A cena não depende só das bandas, todo mundo é importante, desde o fã até o roadie. A mídia underground cresceu muito e a molecada tá se ligando no rolê. Só vejo coisas boas pra nossa cena, acredito que vamos voltar a ter a nossa voz no mainstream, do nosso jeito e gritando tudo o que sempre gritamos pra todos ouvirem. Num futuro bem próximo o nosso Underground vai decolar exigir o nosso espaço nas mídias de massa. Todos trabalhamos pra isso!
Vodrierkg Hai: Como é o processo de composição das músicas de vocês?
Rafael Yukio Yamada: Todo mundo opina pra compor, em todos os instrumentos. O processo é o mais democrático possível, perdemos horas de ensaio em uma passagem de 10 segundos. Mas todo esse tempo é necessário, ou você acha que o final de "Em nome de quem?" foi feito em um dia? hahahaha brincadeiras a parte, a gente testa tudo que vem na mente, grava, e depois escolhe.
Vodrierkg Hai: A banda exige muito de todos? Digo, em questão de ensaios, shows, e etc.
Rafael Yukio Yamada: Vivemos para a banda, esse é o nosso projeto e a nossa forma de ganhar o mundo. Trabalhamos em todo o tempo disponível, nos vemos todos os dias. Eu sou o único que ainda trabalho fora da banda porque tenho outro negócio próprio e mesmo assim, fico o dia todo com o celular na mão rs. Toda empresa é assim, ninguém monta um escritório e abre duas vezes por semana. Com a banda não pode ser diferente.
Vodrierkg Hai: Desde o começo vocês queriam fazer um Hardcore? Ou a ideia veio apenas no Doa a Quem Doer?
Rafael Yukio Yamada: No início pensávamos em fazer alguma coisa na linha do Inflames e Soilwork, mas quando passamos as letras pra português percebemos que o som tinha de ser tão pesado quanto as letras e assim definimos o nosso estilo.
Vodrierkg Hai: Bem, valeu pela entrevista. Foi uma honra. Rafa, tem alguma consideração final?
Rafael Yukio Yamada: Quero agradecer pelo espaço e a todos que leram essa entrevista, agradecer as marcas que acreditam e apoiam o nosso trabalho (MCD, Sennheiser, ESP, AXIS, JM, Casa do Roadie, Seven Cases e Cerveja Madalena). Quero deixar um imenso beijo para a minha esposa e minha filha, são por elas que eu faço todo esse corre. Toda essa luta sem uma família por trás não faria sentido pra mim.


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