Em recente entrevista ao PunkNet.com.br o vocalista Caio MacBeserra falou sobre a cena musical do Brasil, curiosidades do Project46, Politica entre outras. Abaixo segue a entrevista.
Está esperando o gênio da lâmpada te dar tudo o que quer?! Tem que arregaçar as mangas, investir no seu trabalho, estudar e aprimorar cada vez mais seu intelecto e também se aprimorar musicalmente.” Quem dá o recado é Caio MacBeserra, vocalista do Project46, banda que leva a sério esse lance de correr atrás. Destaque em importantes eventos do Brasil e da gringa, o grupo é um dos mais ativos da cena, tocando direto por aí. Além de falar sobre o cenário musical, conversamos com o músico sobre o início da sua carreira, suas influência e visão política.
PUNKnet – Como começou sua relação com o rock?
Caio - Tive a sorte de nascer em uma família muito musical e bastante eclética, desde pequeno, e cresci ouvindo de música clássica a metal extremo. Não lembro o que despertou essa relação com a música, música boa é lição de casa em casa até hoje.
PUNKnet – Seu interesse sempre foi o metal ou antes do Project46 você chegou a integrar alguma banda de outro estilo?
Caio - Na época da escola tocava em uma banda que fazia alguns covers de rock mais pop, mas sempre gostei da agressividade e sempre procurei pessoas que se identificassem com algo mais pesado. Vivia pulando de uma banda para outra, uma delas foi o Kroach (Slipknot Tribute), que foi o embrião do Project46. Mas antes do Project46, fui baixista do Leftfront, que era um pegada mais newmetal, foi o meu primeiro trabalho autoral, muita coisa aprendi com esses caras.
PUNKnet – Quando você notou que queria levar a música a sério na sua vida?
Caio - Quando entrei no Leftfront, banda que citei a cima, foi quando eu vi que se fazer um trabalho de qualidade, se empenhar, se dedica,r é possível ter uma banda de metal no Brasil. Gostei de sentir aquela responsa de acordar cedo, ir pra estrada e fazer um som sincero, não importa a distância, isso me encantou de um jeito que se tornou um “vício”, mas um vício benéfico, além de fazer algo que é seu.
PUNKnet – Você é quem compõe todas as letras? Em que você busca influência para escrever?
Caio - Eu e Rafael Yamada (baixista) fazemos as letras, nós nos entendemos muito bem com o papel e a caneta. Uma ideia completa a outra, e as letras parecessem que ganhar vida sozinhas. Mas sempre apresentamos para os outros da banda porque sempre é bom ter uma ideia a mais, e se é pra melhorar ideia… Melhor ainda!
Influências são muitas, mas as principais são situações do cotidiano, coisas que vejo, sinto e que me fazem refletir, que me fazem abrir os olhos e ver o mundo de uma outra perspectiva.
PUNKnet – Muitas bandas preferem compor em inglês. Para vocês cantar em português é uma forma mais eficaz de atingir o público com as mensagens que querem passar?
Caio - Sim, porque cantamos a nossa realidade, gritamos a revolta de um povo. Se as letras fossem em inglês ou qualquer outro idioma, além de tirar o peso da verdade nua e crua, a resposta do público não seria imediata. Em português a letra e a voz se tornam instrumentos a mais, e um diferencial, desperta a curiosidade dos gringos.
PUNKnet – Além do Project46 você tem outros trabalhos e projetos?
Caio - Nada concreto… Mas tenho muitas ideias de projetos musicais e comerciais. Hoje vivo da banda, mas nas horas vagas sou editor de vídeos freelancer.
PUNKnet – O Project ganhou um grande destaque na cena, abrindo shows gringos e participando de diversos festivais. Fazendo um balanço da carreira, tem algum momento especial que levou a todo esse reconhecimento?
Caio - Reconhecimento só vem com bastante trabalho, respeito, determinação e amor pelo que faz. Isso serve pra qualquer coisa que faça na vida. Eu e todos da banda levamos isso como lema. E acho que o momento especial que nos mostra isso é cada vez que subimos ao palco. Pode ser pra um ou pra milhões de fãs, a energia e missão será a mesma, É SUBIR AO PALCO E DAR TUDO DE SI, E TOCAR O FODA-SE. Essa é nossa a melhor forma de falar muito obrigado a altura de tudo o que os fãs fazem por nós.
PUNKnet – Uma banda independente passa por várias dificuldades. Quais os problemas da cena que você enxerga e que acha que poderiam ser melhorados?
Caio - De uns anos pra cá, as coisas estão melhorando. As bandas estão se profissionalizando e, sendo profissional, causa um efeito no mínimo positivo. Fazendo um trabalho de qualidade, além de ganhar credibilidade com fã, ganha também com contratantes. Vão respeitar a bandas e vão investir mais nas casas de shows pra comportar um público maior, e com comodidade e bom som. Mas ainda existe o mal profissional, tanto nas bandas como produtores de eventos, que denigrem a imagem daqueles que estão fazendo por onde. E por conta disso todos acabam pagando o pato. E quem leva a porrada maior é o publico, que fica sem cena.
PUNKnet -Aproveitando o assunto, o que você percebe que melhorou de uns anos pra cá?
Caio - Como falei acima, as bandas sendo profissionais. As bandas viram que não adianta reclamar do público. A aproveitando a deixa também, se você tem uma banda e bota a culpa no público porque sua banda não tá caminhando, me desculpa, mas você é um BABACA. Preguiçoso da porra. Está esperando o gênio da lâmpada te dar tudo que quer?! Tem que arregaçar as mangas, investir no seu trabalho, estudar e aprimorar cada vez mais seu intelecto e também se aprimorar musicalmente.
Se o Metallica que é o Metallica, os caras trabalham pra caralho, os caras não param quietos. Por que você não tem que trampar? Vamo parar de reclamar e fazer por onde.
PUNKnet – Mesmo sendo uma banda de metal, vocês tem muitos fãs também do hardcore. Como vê a união dessas duas cenas?
Caio - Eu acho isso extraordinário, tem que acabar essa fita de que HC só cola em show HC, e metal só em metal. Rixas de estilos já é algo tosco, ainda sendo da mesma vertente, mais tosco ainda. Todos estão atrás do mesmo grito e com certeza querem que rock tome o seu posto, e que possamos escutar na Radio Rock em pleno horário de pico, MadBall e logo em seguida Lamb Of God. E Melhor ainda se rolar um Bullet Bane e depois Against Tolerance.
PUNKnet – Como você avalia o atual momento político do país?
Caio - Tirando a palhaçada que são essas campanhas políticas e os candidatos, William Bonner tacando o foda-se ganhou meu respeito. Temos a grande chance de fazer o maior e o melhor protesto de todos, que é votando, e votando consciente. O povo tem a chance de gritar e quebrar todo um esquema em dois dias de votação, ainda tem muito rato nessa porra, e muita gente que se deixa influenciar por ideias pífias, é o único jeito para mudar a minha, a sua vida e da sua família, e pararmos de ser taxados de trouxas. Independente se vai votar nulo, branco ou em alguém, mas que vote consciente e tenha consciência de que seu voto é sim a facada que sangra, e muito.
PUNKnet – Musicalmente falando, qual a sua maior conquista até agora?
Caio - Ter ganhado através dos fãs a chance de representar o Brasil no Monsters Of Rock. Com certeza sou eternamente grato a todos.
PUNKnet – Uma banda, um disco e um clipe que tenha te marcado.
Caio - Banda: Pantera
O clipe é simples, mas significa muito pra mim: “Mouth For War”, do Pantera
Disco: Chaos A.D., do Sepultura
PUNKnet – Quais seus planos para o restante do ano?
Caio - Tocar muito, quanto mais trabalho e estrada melhor.
PUNKnet – Obrigado! Deixe um recado pra quem leu a entrevista.
Caio - Muito obrigado PUNKnet pelo espaço, parabéns pelo trabalho de vocês. Conheci muita banda foda através de vocês, que só cresça e fortaleça, manos, valeu mesmo.
E muito obrigado a todos os fãs por continuarem nos apoiando e, melhor ainda, apoiando toda a cena. Já que revolução não vem dos nossos representantes políticos, vamos fazer a nossa revolução musical.
Muito obrigado a todos
Fonte: PunkNet
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